Um plano quase perfeito

15-07-2012 15:54

Prólogo:

 

Illinois – Chicago    

14 de fevereiro ás 23h55min

 

         Numa noite chuvosa de domingo, uma mulher estava em seu quarto lendo despreocupadamente um livro, foi quando ela ouve o ranger de sua porta, então leva um pequeno susto, aflita, ela caminha lentamente para perto da mesma. Ao abri-la por completo se depara com seu filho, que lhe diz ter tido pesadelos, ela suspira aliviada levando-o de volta para seu quarto. Após tê-lo posto para dormir volta para seu quarto e vê a luz de seu banheiro acesa, ela estranha, pois, não se lembrava de tê-la acendido, então se dirige até lá, onde após entrar no mesmo, fecha a porta e segue em direção ao espelho, ao olhar-se no mesmo, enxerga não apenas seu próprio reflexo mais sim o semblante de um assassino.

- Oi docinho, Sentiu saudades? Ah! Eu espero que sim porque eu senti.

- O que faz aqui?

         Ao termino de suas palavras percebeu que o homem caminha com passos lentos em sua direção parando a centímetros de distância. Com os rostos perigosamente próximos, dava para sentir a respiração quente de ambos batendo em suas peles e para provoca-la ele roça levemente seus lábios no dela como se fosse um beijo de despedida, no momento seguinte ele cava um punhal em seu peito fazendo com que ela soltasse um gemido de dor, pois ainda estava com seus lábios no dele.

-Eu avisei que você iria se arrepender.

Ele larga seu corpo no chão sem dó ou piedade e puxa o punhal rapidamente e foge pela janela na qual entrará.

         Ainda viva, mais gravemente ferida, tenta se arrastar até seu quarto onde estava à procura de seu celular, ao alcança-lo no criado mudo, disca 190 e é atendida.  Em seu último suspiro consegue dizer a atendente.

- Ajude-me – E deixa o telefone cair de suas mãos deixando uma atendente confusa do outro lado da linha.

***

 

 

Segunda, 15 de fevereiro ás 05h30min. Casa do detetive Harold Buttler.

 

    Estava dormindo quando meu celular começa a tocar olhei o visor vendo o nome de meu inútil assistente Jared, e eu o atendi.

- É bom ser muito importante para você me ligar a essa hora da manhã.

- Bom dia pra você também e eu estou ótimo obrigado por perguntar, e é muito importante sim e preciso q você vá para lá Agora!- Analisei seu tom de voz, parecia ser muito sério, longe de mim dizer que outros casos não são importantes, mais havia uma certa urgência em suas palavras.

- Qual o endereço? – perguntei.

- Michigan Ave. Nº: 160.

- Estou a caminho.

    Ao chegar à cena do crime me deparei com vários carros da policia e uma ambulância, a casa estava cercada com uma fita amarela e Jared não estava lá, decidi esperar, após s e passarem alguns segundos ela chega me dando um aceno de cabeça e fomos em direção a casa, quando uma policial entra na nossa frente e diz:

- Apenas pessoas autorizadas podem entrar.

- Eu sou o detetive Buttler o encarregado do caso e esse é meu assistente detetive Scoolsen – disse simplesmente – Agora se me der licença.

         E me dirigi a casa mais uma vez, sem interrupções agora e adentramos a mesma seguindo direto para o quarto da vítima. Ao entrar notei que não havia nada fora do lugar e segui para o banheiro enquanto tínhamos uma breve discussão.

- Você é inacreditável! – disse Jared - Ela só estava fazendo o trabalho dela.

- Que seja! – Falei e dei de ombros – Então quais são as informações?

- Bom à vítima se chama Elizabeth Kaplan, era executiva, tinha dois filhos, Nicholas e Mellany, um ex-marido o Sr. Jonathan Kaplan e ao que tudo indica um namorado chamado Ben Nicholson.

- O que sabe sobre o marido? Um maníaco que ficou louco por ter perdido a esposa e os filhos e a mata?

- Não sei mais ele tem uma boa casa, um emprego estável, porém não tem a guarda dos filhos.

- E o namorado?

- Não se sabe muito ainda, nasceu em Chicago, tem um apartamento não muito longe daqui e é segurança de uma boate.

- E as crianças?

- Estão na casa dos avós maternos.

- Quero que você entre em contato com os responsáveis das crianças, preciso do depoimento delas.

- Ok. – Foi à última coisa que Jared disse antes de sair do quarto.

         Quando sai do banheiro me deparei com uma cena um tanto quanto perturbadora, Elizabeth de bruços em cima de uma poça de sangue, e escrito ao seu lado com sangue “Eu te amo” e um rastro de sangue do banheiro até onde ela se encontrava estirada.

         Fiquei mais alguns minutos examinando a cena do crime e me retirei do aposento indo em direção ao meu carro no qual Jared estava escorado me esperando.

- O que faremos agora? – ele quis saber.

- Esperaremos que a polícia termine de tirar suas conclusões que obviamente estarão erradas, pois serão precipitadas e nós entraremos em ação.

***

 

Mas tarde no mesmo dia...

 

         Estou sentado na cafeteria quando meu celular vibra me dizendo que recebi uma mensagem do Jared falando que precisava falar comigo mandei outra dizendo onde estava e em poucos minutos ele aparece já despejando em mim:

- Eles não descobrirão nada e tem como suspeitos o namorado e o marido.

- Hum. Interessante, eles já foram depor?

- Sim. O marido estava no trabalho nesse dia até tarde. O namorado disse que estava de segurança em uma boate qualquer e ligaram para a empresa para qual trabalha e eles confirmaram.

- Ou seja, os dois tem um álibi muito convincente.

- O que pretende fazer agora? – perguntou meu assistente.

- Preciso de um mandato para entrar na casa do marido.

- Já pedi mais foi negado.

- Por quê?

- Eles falaram que não tem provas o suficiente para chegar ao suspeito e vão arquivar o caso.

- Não é possível, eles querem arruinar o meu trabalho.

         Fiquei alguns minutos em silêncio pensando enquanto Jared olhava pra minha expressão.

- Não gosto quando o senhor faz essa cara! No que está pensando? – ele me pergunta

- Vamos ter que fazer a moda antiga! – disse simplesmente

-Como assim? O senhor não tá pensando em... – e dou um sorriso pra ele – Não nós não podemos fazer isso é errado!

         Após muita relutância da parte de meu assistente fomos à casa do Sr. Kaplan, paramos em sua porta e tocamos a campainha para ver se tinha alguém em casa, quando constatamos que não havia ninguém adentramos a mesma pela porta dos fundos para não chamar atenção. Já dentro da casa dou as instruções a ele dizendo para ele verificar o andar de cima enquanto eu ficava com o de baixo.

- Nós não deveríamos invadir a casa das pessoas. – Falou Jared subindo as escadas

- Nós não estamos invadindo, só estamos entrando sem termos sido convidados. – lhe disse –E é diferente – gritei já que ele já se encontrava no andar de cima.

- Claro muito diferente – gritou de volta.

         Estava tudo calmo já havia olhado a sala, a sala de jantar e estava na cozinha quando alguém encosta em meu braço, me viro pronto pra dar um belo soco e me deparo um Jared sorrindo para mim.

- Há é você, então achou alguma coisa? – perguntei lhe.

- Bom... – quando ele ia começar a falar ouvimos o barulho de uma chave vindo da sala, nos olhamos e ele fala – Droga.

         Corremos em direção a saída dos fundos, porém a porta havia emperrado e com o desespero não estávamos conseguindo abri-la, fiz um sinal para que Jared esperasse e num movimento rápido e calmo abri a porta dando passagem para que ele saísse, e indo logo em seguida demos a volta e corremos em direção ao carro nos jogando lá dentro e dando partida no mesmo instante. Após alguns minutos dirigindo para passar a adrenalina paro no acostamento me viro pro Jared e pergunto:

- Você está bem?

- Não – ele responde seco – Você podia ter nos levado a prisão ou pior nós poderíamos ter morrido.

- Não sei por que você está histérico, se você não percebeu pelo menos eu estou tentando fazer alguma coisa para que a morte daquela menina não tenha sido em vão enquanto uns e outros não estão nem aí e querem arquivar o caso! – quando acabei de falar ele estava com os olhos fixos em mim e eu percebi o quão ignorante havia sido. – Me desculpe.

 - Tá tudo bem.

-Então o que você descobriu?

- Bom, o Jonathan tem um escritório e pelo que eu pude ver ele é fã de punhais.

- Tá e daí?

- Você não leu a autópsia?

- Não.

- A médica fez os exames e deu que Elizabeth foi esfaqueada e pelo comprimento do corte eles deduziram que foi um punhal.  E havia um punhal em especial que estava mais brilhante que os outros, como se houvesse sido limpo recentemente.

- Então você acha que foi o marido? – lhe perguntei e vi que ele ficou pensativo.

- Não que ele seja o culpado mais as pistas estão levando a ele. Em seu escritório também havia inúmeras fotos de seus filhos e de Elizabeth.

- Mas isso não prova nada, só que ele ama os filho e que ainda sente alguma coisa por ela.

- Não sei.

         Com essa pequena mais importante frase terminamos a nossa pequena discussão e fomos para minha casa em um silêncio um tanto constrangedor. Ao chegar nos sentamos na sala e discutimos várias possibilidades até dar 21h:00min.

- Já podemos ir. – ele disse.

         E assim fomos para a casa do namorado da vítima. Seguimos o endereço que havíamos conseguido e fomos para em uma rua deserta e escura.

- Tem certeza que é aqui? – eu perguntei rezando para ouvir um não, mas o que escutei foi exatamente o contrário.

- Tenho. É ali nº 753.

         O apartamento se é que pode se chamar aquilo de apartamento era minúsculo e fedorento.

- Como uma pessoa pode morar nisso? – Jared me perguntou

- Não sei.

         Reviramos o lugar todo e não achamos nada que o incriminasse nem que levanta-se alguma suspeita, havia apenas uma foto dele com Elizabeth e os filhos.

- Vamos embora logo, esse lugar me dá arrepios. – Jared disse.

- Ok.

         Saímos, fomos em direção ao carro e o deixei em casa em seguida indo para a minha. Ao chegar tomei um banho e fui dormir pensando no que ocorrera hoje.

***

 

 

Terça, 16 de fevereiro ás 07h00min.

 

         Acordei com o despertador tocando, me levantei fui pro banheiro fiz minha higiene matinal, troquei de roupa desci, tomei meu café da manha e fui até a delegacia, pois havia uma mensagem no meu correio eletrônico me dizendo para ir lá assim que acordasse. Ao chegar à delegacia tive a informação de que o Sr. Nicholson havia sido preso, pois na noite passada o haviam seguido até um galpão, esperaram até que ele saísse e entraram no local descobrindo um verdadeiro santuário sobre a vítima, com isso investigaram sobre o dia da morte de Elizabeth e descobriram que seu álibi era falso, assim acreditando que ele era o assassino. Logo depois dizendo para que eu esquecesse o caso, pois ele já estava resolvido, fiquei incrédulo com o que ouvi, mas deixei passar e fui até a cafeteria de sempre e liguei para Jared dizendo para que me encontrasse lá.

         Quando ele chegou lhe contei sobre o ocorrido e ele ficou tão chocado quanto eu.

- Precisamos ir à casa de Elizabeth. – falei e sai andando em direção ao carro com Jared em meu encalço.

- Por quê?

- Acho que deixamos passar alguma coisa. - disse simplesmente

         Fui dirigindo em silêncio até o nosso destino. Ao chegarmos lá me deparei com a mesma menina de ontem a qual havia dado uma resposta um tanto quanto malcriada. Quando passamos por ela, ela nos deu um leve aceno de cabeça que retribuímos do mesmo modo. Entramos na casa e fui em direção ao corredor principal parando ao lado do correio eletrônico dela.

- O que necessariamente você está procurando? – Jared me perguntou e eu apenas fiz um sinal para que ele fizesse silêncio.

         Dei Play no mesmo e havia uma única mensagem que dizia tudo o que eu precisava. “Oi Liza, aqui é o Jonathan só liguei pra avisar que eu não vou mais poder passar aí mais tarde, pois estou me sentindo mal e estou indo pra casa agora. Dê um beijo nas crianças por mim. Eu Te Amo.”

- O álibi dele também está furado! – Jared falou.

- Exatamente meu caro ligue pra polícia e os avise sobre isso.

- Tá.

- Aproveita e fala pra eles mandarem uma viatura para lá.

         Após dizer isso sai em disparada até meu carro, dei partida e fui à casa do Sr. Kaplan. Ao chegar já havia uma viatura dá polícia a minha espera, me aproximei deles os cumprimentando e entrei na casa com eles logo atrás de mim, separei-os e dois ficaram comigo, fomos até uma porta que aparentemente dava pro porão, ela estava trancada então pedi para que eles a derrubassem e assim o fizeram. Quando entramos no porão vimos em cima de uma mesa um saquinho todo embrulhado e dentro dele continha uma luva cheia de sangue e um pedaço de um pano também cheio de sangue. Peguei o embrulho e fui até o laboratório para saber a quem pertencia aquele sangue. Após algumas horas de espera descobri que o sangue era de Elizabeth, levei o resultado até a delegacia e mandei soltarem o Ben alegando que ele era inocente e mostrando as provas. Depois disso os policias foram atrás do Jonathan e em poucos segundos ele adentrava a delegacia algemado e dizendo que era inocente.

         Passaram-se alguns minutos e Jared veio ao meu encontro perguntando o que havia acontecido lhe expliquei todo o ocorrido.

***

 

Quinta, 18 de fevereiro ás 10h00min

 

         Faz dois dias que coloquei o assassino de Elizabeth por assim dizer na cadeia, mas não me sinto como se essa tenha sido a coisa certa a fazer. Acabei de receber um pacote que não está identificado, abri e encontrei um gravador dentro apertei Play e uma voz começa a dizer:

- “Obrigado detetive por ter me tirado da cadeia! Agradeço-lhe do fundo de meu coração, mas gostaria de saber como se sente sabendo que prendeu um inocente e deixou um criminoso a solta! Hum... que coisa feia, sabia que pessoas podem se machucar? Acho melhor aperfeiçoar suas habilidades. Tenho certeza que está curioso para saber por que fiz isso já que não existe nenhum motivo aparente. E se você está pensando que não tem você está enganado, mas nem tanto, no começo era por diversão mais ela me deixou um dia antes do dia dos namorados sabe pra que? Pra voltar pro maridinho dela. Isso não se faz não, concorda comigo? Só dei uma lição a ela! Sabe não tenho mais tempo, pois pretendo achar um novo amor! Carinhosamente Ben?”.

 

Epílogo

 

Quinta, 18 de fevereiro ás 14h30min

 

Kansas – Kansas City a 255 km de Illinois

 

         Um homem entra em um supermercado e avista uma jovem em um corredor olhando pra uma prateleira cheia de temperos e se aproxima dela dizendo:

- Indecisa?

- Não sei qual é o melhor tempero.

- Pode ter certeza que esse é muito bom. Que falta de educação a minha meu nome é Chris Parker.

         Disse estendendo a mão para a moça que a apertou dizendo seu nome.

- Amanda, Amanda Wilson.

- É um prazer conhece-la senhorita – falou beijando sua mão.

- Igualmente, hum... não costumo fazer isso mais você não gostaria de jantar comigo?

- Adoraria!

         E eles saem do supermercado em direções opostas mais com a certeza de que se encontrariam mais tarde.

 

 

Leticia Andrade    

SolL Souza

(Repostado do site A guardiã)